CÁLCULOS DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA EM AÇÕES JUDICIAIS

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Marco dias

2/21/20254 min read

CÁLCULOS DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA EM AÇÕES JUDICIAIS

A atualização monetária é um tema de grande relevância no âmbito das ações judiciais, especialmente em um cenário econômico onde a inflação e a variação dos índices econômicos têm impacto direto no valor das dívidas e créditos reconhecidos judicialmente. Este artigo tem como objetivo abordar os principais aspectos e metodologias envolvidas nos cálculos de atualização monetária, além de discutir a importância desses cálculos para o correto cumprimento das obrigações pecuniárias determinadas pela justiça.

1. INTRODUÇÃO

A atualização monetária consiste na correção do valor de uma obrigação pecuniária ao longo do tempo, com base em índices econômicos específicos, a fim de preservar o poder de compra do montante originalmente estipulado. Nas ações judiciais, esse procedimento é essencial para evitar prejuízos decorrentes da desvalorização da moeda.

2. FUNDAMENTOS LEGAIS

No Brasil, a atualização monetária é regulamentada por diversos dispositivos legais, como o Código de Processo Civil (CPC), normalmente para os processos cíveis e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), para os processos trabalhistas, além de resoluções e súmulas dos tribunais superiores, incluindo o STF. Entre os principais instrumentos normativos, destacam-se:

- Art. 389 do Código Civil: Estabelece a obrigação de reparar perdas e danos, incluindo os prejuízos resultantes da desvalorização da moeda.

- Art. 475-Q do CPC: Dispõe sobre a liquidação por cálculo, que deve considerar a atualização monetária.

- Súmula 439 do TST: Orienta sobre a aplicação dos índices de correção monetária nas dívidas trabalhistas.

A ADI 5867, juntamente com a ADC 58, ADC 59 e ADI 6021, é uma ação do Supremo Tribunal Federal (STF) que trata da correção monetária em processos trabalhistas.

3. ÍNDICES DE CORREÇÃO

Diversos índices são utilizados para a atualização monetária em ações judiciais, de acordo com a natureza da obrigação e a legislação aplicável. Entre os principais índices, podemos citar:

- Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA): Utilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mede a variação dos preços ao consumidor e é amplamente aplicado nas atualizações monetárias de dívidas civis e trabalhistas.

- Taxa Referencial (TR): atualmente a TR só é utilizada para processos de cálculos revisionais de habitação e alguns outros especificamente determinados pelo juízo.

- Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M): Calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), é utilizado para a atualização de contratos de aluguel e outras obrigações pactuadas entre particulares.

- Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC): Também calculado pelo IBGE, é usado principalmente para a correção de benefícios previdenciários e outras obrigações de natureza social.

4. METODOLOGIAS DE CÁLCULO

Os cálculos de atualização monetária podem variar em complexidade, dependendo da natureza da obrigação e do período a ser corrigido. A seguir, descrevemos algumas das principais metodologias empregadas:

4.1. Correção Simples

A correção simples consiste na aplicação direta do índice de atualização sobre o valor original da obrigação, de forma proporcional ao período decorrido.

4.2. Correção Composta

Na correção composta, os índices de atualização são aplicados de forma acumulada ao longo do tempo, considerando-se os juros compostos.

4.3. Correção com Juros moratórios

Além da atualização monetária, é comum a incidência de juros moratórios sobre o valor da obrigação. Os juros podem ser calculados de forma simples ou composta, conforme a determinação legal ou contratual.

Com o objetivo de evitar que a aplicação de índices de correção monetária e a metodologia dos cálculos sejam objetos de controvérsias judiciais e debates doutrinários, em 30 de agosto de 2024, entrou em vigor a Lei nº 14.905/2024, com o objetivo de unificar em todos os Tribunais a correção monetária e metodologia dos cálculos.

Essa Lei teve a sua motivação nos principais pontos de discussão, que seguem abaixo:

- Escolha do Índice: A definição do índice adequado para a atualização pode variar conforme a natureza da obrigação, a legislação vigente e as decisões judiciais. A controvérsia em torno da Taxa Referencial (TR) e a definição de índices específicos por cada Tribunal.

- Retroatividade: A aplicação retroativa de índices de correção, em especial em situações de mudança jurisprudencial, pode gerar dúvidas quanto à sua legalidade e ao impacto econômico nas partes envolvidas.

- Periodicidade da Atualização: A frequência com que os índices são aplicados (mensal, anual, etc.) pode influenciar significativamente o resultado final dos cálculos, gerando debates sobre a melhor prática a ser adotada.

6. IMPORTÂNCIA DOS CÁLCULOS PRECISOS

A precisão nos cálculos de atualização monetária é fundamental para garantir a equidade e a justiça nas relações jurídicas. Erros ou omissões podem resultar em prejuízos financeiros significativos para as partes envolvidas, além de comprometer a credibilidade do sistema judiciário.

7. CONCLUSÃO

Os cálculos de atualização monetária em ações judiciais desempenham um papel crucial na preservação do valor das obrigações pecuniárias ao longo do tempo. O conhecimento das metodologias e dos índices aplicáveis, bem como a atenção aos fundamentos legais e às controvérsias existentes, são elementos essenciais para a correta execução desses cálculos. Advogados, contadores e demais profissionais envolvidos devem estar atentos às constantes mudanças na legislação e na jurisprudência para assegurar a conformidade e a justiça nos processos de atualização monetária.

Marco Dias - Formado em Ciências da Economia, especializado em Perícia Judicial e Extrajudicial, já atuou por mais de trinta anos na Marinha do Brasil. Atualmente trabalha como consultor financeiro, Perito Judicial em diversos Tribunais de Justiça do País e Assistência Técnica financeira para advogados e empresas.